O prédio da "Escola de Frankfurt" |
Outra corrente bastante influente do século XX na sociologia e teoria social que teve impactos na crítica educacional e cultural foi a Teoria Crítica, ou Teoria Crítica da Sociedade. Os primeiros expoentes dessa corrente foram os pensadores ligados ao Instituto para Pesquisa Social de Frankfurt, Alemanha na década de 20 e 30. Após o filósofo Horkheimer assumir a direção do Instituto, as pesquisas ganham um caráter de formulação teórica mais intensa e original, e funda o que ficou conhecido como Escola de Frankfurt. Durante as próximas décadas os pensadores dessa escola formularam uma Teoria Crítica das sociedades modernas, sendo bastante influentes em diversas áreas do pensamento e da cultura.
A Escola de Frankfurt possui grandes nomes da teoria social e cultural do século passado, que até hoje estão em voga. Além de Horkheimer, se destacaram e se destacam: Walter Benjamin, filósofo e crítico literário que morreu prematuramente; Adorno, filósofo, músico e presidente da Sociedade de Sociologia Alemã, que escreveu conjuntamente com Horkheimer; Marcuse, filósofo e sociólogo, de grande influencia no movimento de contra-cultura da década de 60; além do ainda vivo Habermas, aluno e assistente de Adorno, e outros. A Teoria Crítica é uma teoria dialética e interdisciplinar da realidade social e uma crítica imanente da modernidade, tanto em sua versão capitalista, quanto na socialista "realmente existente" ou na nazi-fascista. Esses pensadores foram influenciados por diversas correntes, mas sobretudo destaca-se: a dialética hegeliana, o materialismo histórico, a psicanálise, além da genealogia de Nietzsche e da fenomenologia.
Surgida no período de grandes guerras mundiais, de forte industrialização e ampliação do poder estatal, a Ecola de Frankfurt via com maus olhos os caminhos que a humanidade vinha tomando: a emancipação e felicidade humana, que viria da razão e da tecnologia, prometida pelo Iluminismo e pelas revoluções burguesas não se concretizou. Pelo contrário. As guerras e os regimes autoritários, a tecnologia usada para a dominação e a alienação (vide o surgimento de uma Indústria Cultural, a partir do cinema, do rádio, das propagandas, que forjam a subjetividade para o consumo e submissão), denunciam que o projeto moderno foi um engodo. Para os frankfurtianos, a modernidade é regida por uma razão instrumental, fetichizante, que impõe aos próprios homens sua dominação. O papel da teoria social, então, é realizar uma crítica radical das sociedades vigentes, e estar a serviço de uma verdadeira emancipação e autonomia humana. Por isso criticavam a visão positivista e a Teoria Clássica, que, a partir de sua pretensa neutralidade política e social, servia de apologia do real e não da crítica, papel da verdadeira razão e ciência.
A renovação da crítica da modernidade realizada pelos frankfurtianos, iniciada por pensadores como Nietzsche, Marx, Weber e Freud, influenciou diversas correntes e pensadores da contemporaneidade. Sua versão original e não-ortodoxa ficou conhecido como marxismo ocidental. Mas sua influência foi além do marxismo: um grande pensador influenciado pela Escola de Frankfurt, e que servirá de base para o pensamento social contemporâneo (sobretudo o pensamento "pós": pós-moderno, pós-crítico etc.), pode-se dizer que foi o francês Michel Foucault. O mesmo nos confessa, em um de seus últimos anos de vida (1983), num pronunciamento sobre Kant, que foi publicado com o nome de "O que é iluminismo?", o seguinte: "[...] me parece que a escolha filosófica na qual nos encontramos confrontados atualmente é a seguinte: pode-se optar por uma filosofia crítica que se apresenta como uma filosofia analítica da verdade em geral, ou bem se pode optar por um pensamento crítico que toma a forma de uma ontologia de nós mesmos, de uma ontologia da atualidade, é esta forma de filosofia que de Hegel à Escola de Frankfurt, passando por Nietzsche e Max Weber, fundou uma forma de reflexão na qual tenho tentado trabalhar."
Na área da sociologia da educação, esses pesquisadores contribuem para o debate e literatura crítica sobre comunicação e tecnologia: essas áreas da vida social e cultural tem cada vez mais força na construção da subjetividade e na socialização das pessoas. Além das temáticas sobre controle e disciplina, sobretudo ligadas a Foucault. Para pensar no processo de formação cultural e educacional do sujeito, seguindo a Teoria Crítica, deve-se levar em conta as características de nossa sociedade atual: a cultura de massa, o consumo, a vida administrada, as instituições de controle social, o uso das tecnologias etc.
Alexandre Pimenta
Referências e indicações:
- A crítica da razão instrumental, de Seyla Benhabib.
- Teoria Crítica: Ontem e Hoje, de Bárbara Freitag
- Educação e Emancipação, de Adorno. Disponível em: <http://www.4shared.com/document/THFes7vV/_AdoramosLer__Theodor_Adorno_-.html>
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